Summit BRICS+ 2024, dia 2
A cúpula do BRICS 2024, realizada em Kazan, Rússia, de 22 a 24 de outubro, reúne os líderes das principais economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – para discutir temas críticos sobre o futuro da economia global e a cooperação entre nações do Sul Global. Este encontro estratégico é fundamental para redefinir o papel das economias emergentes no cenário internacional, desafiando a ordem econômica tradicional dominada pelo Ocidente.
No último dia do evento, espera-se o anúncio de novos membros e a divulgação da Declaração de Kazan, que delineará os compromissos futuros do bloco e as ações para fortalecer sua influência global. Apesar de o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não ter participado presencialmente devido a um acidente doméstico – o que impacta a imagem do Brasil dentro do bloco –, ele contribuiu via videoconferência. Além disso, a ex-presidente Dilma Rousseff, agora presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento do BRICS, esteve presente no evento, garantindo uma representação estratégica do Brasil nas decisões.
O segundo dia da cúpula foi especialmente focado em reformas financeiras, dedolarização e o desenvolvimento de novas plataformas econômicas que apoiem o crescimento sustentável das economias emergentes, temas de alta relevância para os participantes e para o cenário global.
Principais Declarações dos Líderes na Cúpula BRICS 2024
Rússia – Vladimir Putin:
O presidente Vladimir Putin destacou que mais de 30 países do Sul Global e do Leste manifestaram interesse em ingressar no BRICS. Segundo Putin, o bloco deve manter um equilíbrio para preservar sua eficácia. Ele também criticou o uso do dólar como ferramenta de coerção, afirmando que isso compromete a confiança global na moeda. Como solução, Putin propôs a criação de uma bolsa de grãos do BRICS para proteger os mercados nacionais contra manipulação externa e especulação. Além disso, ele sugeriu a criação de uma plataforma separada para metais preciosos e diamantes, que contornaria as barreiras regulatórias atuais.
Palavras de Putin: "Mais de 30 nações já expressaram seu desejo de se envolver com a associação de várias maneiras. Contudo, é importante manter o equilíbrio e garantir que a eficácia do BRICS não seja comprometida."
Putin também destacou o papel do BRICS em fortalecer sua presença nos assuntos internacionais, focando na promoção da paz e da diplomacia.
China – Xi Jinping:
O presidente chinês Xi Jinping destacou a urgência de reformar o sistema financeiro global e indicou que o BRICS deve liderar esse processo para tornar a arquitetura econômica mundial mais justa. Xi também enfatizou a importância de um BRICS pacífico, voltado à segurança compartilhada, e anunciou uma proposta para fortalecer as capacidades digitais dos países membros.
Citação de Xi Jinping: "A urgência de reformar a arquitetura financeira internacional tornou-se cada vez maior."
Índia – Narendra Modi:
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi expressou otimismo sobre o futuro do BRICS, afirmando que o bloco está se consolidando como uma plataforma global eficaz para enfrentar desafios. Modi reiterou o compromisso da Índia em fortalecer a cooperação no BRICS e ressaltou o progresso significativo alcançado pelo grupo.
Brasil – Luiz Inácio Lula da Silva (pronunciamento estendido):
Durante sua participação virtual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação de um sistema bancário interno no BRICS que reduziria os custos das transações comerciais entre os países membros. Essa estrutura, segundo Lula, não substituiria os sistemas financeiros nacionais, mas funcionaria como uma alternativa eficiente, ajudando a facilitar o comércio e fortalecer as economias emergentes.
Palavras de Lula: "Estamos considerando a possibilidade de estabelecer um sistema financeiro que reduzirá os custos em nossas relações comerciais."
Lula reforçou a importância de colaboração para superar os desafios econômicos globais, especialmente no contexto da dedolarização, que é um tema central nas discussões do BRICS.
África do Sul – Cyril Ramaphosa:
O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa defendeu que o BRICS deve promover o desenvolvimento sustentável para todas as nações, e não apenas para grupos selecionados. Ele também propôs a recalibração das rotas comerciais para facilitar a industrialização sustentável dentro do bloco.
Egito – Abdel Fattah al-Sisi:
O presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi enfatizou a importância de aumentar os assentamentos comerciais utilizando moedas nacionais, o que fortaleceria as relações econômicas entre os países BRICS e reduziria a dependência de moedas estrangeiras.
Irã – Masoud Ebrahim Raisi:
O presidente iraniano Masoud Ebrahim Raisi pediu ao BRICS que utilize seus recursos para garantir os direitos do povo palestino e sugeriu a criação de uma cesta de moedas do BRICS para acelerar o processo de dedolarização. Raisi também destacou que o mundo está vendo o fim da era unipolar e pediu por uma nova ordem econômica.
Etiópia – Abiy Ahmed Ali:
O primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed Ali ressaltou o potencial do BRICS para ser um catalisador de uma ordem mundial mais justa. Ele afirmou que, com quase metade da população mundial representada pelo BRICS, o bloco tem o poder de transformar o sistema global.
O Papel do BRICS no Cenário Global
A cúpula de 2024 em Kazan reafirma o papel do BRICS como uma força emergente na reformulação do sistema econômico mundial. As propostas para a criação de novas plataformas financeiras, como a bolsa de grãos e o sistema bancário interno, sinalizam um movimento para reduzir a dependência do dólar e fortalecer as economias emergentes. Além disso, as discussões sobre a expansão do bloco e a Declaração de Kazan esperada no último dia demonstram que o BRICS continua a atrair o interesse de países do Sul Global, buscando um futuro mais inclusivo e justo.
O segundo dia da cúpula do BRICS destacou o compromisso do bloco em reformar o sistema financeiro internacional e promover a dedolarização, criando um ambiente de cooperação econômica entre seus membros. O anúncio da Declaração de Kazan e a inclusão de novos membros no último dia da cúpula são momentos decisivos para o futuro do BRICS e para sua crescente influência no cenário global.